Nos últimos anos, tornou-se comum ver milhões de mulheres em todo o mundo saírem às ruas no dia 8 de março para comemorar o Dia Internacional da Mulher, reivindicando direitos, apoiando as vítimas de violência de gênero e reconhecendo a luta de muitas delas. E embora este ano possa não ser exceção em alguns locais, em muitos outros surgiram diferentes iniciativas que, dada a atual situação de pandemia, convidam a diferentes tipos de "ações online", como o uso de certas hashtags ou filtros para fazer upload de fotos para redes sociais.
Mas falar de mulheres e de internet requer, como em muitos outros casos, uma análise particular. Assim, nós da Netquest queremos fazer a nossa própria homenagem a todas as mulheres com o que de melhor temos: dados. Porque “o que não é nomeado não existe”.
O que as organizações internacionais dizem sobre isso?
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas incluem o compromisso importante de utilizar as tecnologias da informação e comunicação (TICs) para fomentar o empoderamento das mulheres, bem como conectar pessoas nos países menos desenvolvidos à Internet até 2020. No entanto, até agora, pouco progresso foi feito na redução da “brecha digital” entre homens e mulheres no uso da internet e outras TIC.
Por exemplo, um recente informe da organização Web Foundation assinala que as mulheres têm 50% menos probabilidade de estar conectadas do que os homens na mesma faixa etária e com níveis de escolaridade e renda familiar semelhantes. As mulheres têm tanta probabilidade quanto os homens de ter seu próprio telefone celular, mas são três vezes menos propensas do que os homens da mesma idade, nível educacional e posição econômica a usar seus telefones para acessar a internet.
Da mesma forma, a maneira como as pessoas usam a Internet, uma vez conectadas, também é fortemente influenciada pelas desigualdades fora da rede. A maioria das pessoas nas áreas urbanas pobres vive uma maior marginalização na vida civil e econômica. Apenas uma pequena minoria busca ativamente informações em qualquer meio sobre questões-chave para o exercício de seus direitos, e uma porcentagem ainda menor participa do debate político ou de assuntos comunitários. A maioria tem empregos precários e informais ou não tem renda própria garantida. Ser mulher aprofunda a exclusão em cada um desses aspectos.
Em particular, as mulheres que são ativas na vida política e cívica “fora da rede” não só têm mais probabilidade de estar online, mas também três vezes mais probabilidade (de acordo com o nível de educação, idade e renda) de utilizar a internet para expressar opiniões em assuntos importantes ou polêmicos do que outras mulheres.
#DatosNetquest de nossas mulheres palestrantes.
Portanto, agora que temos uma visão geral da situação das mulheres e do acesso à internet, nós fazemos uma pregunta básica: O que as mulheres fazem na internet, onde elas navegam? E para encontrar uma resposta, compartilhamos com você alguns dados de nossas palestrantes no Brasil, Espanha e México. Naturalmente, para este exercício, coletamos dados comportamentais de sua navegação online.
A mostra de palestrantes premium que consideramos era composta da seguinte maneira: 15234 mulheres, das quais 5076 são do Brasil, 5196 do México e 4962 da Espanha. De todas elas, rastreamos a navegação que realizaram entre 1 e 31 de janeiro de 2021 através de qualquer dispositivo (celular, desktop, laptop). A maior faixa etária em nossa amostra tinha entre 25 a 34 anos, com um total de 5142 palestrantes, seguida pela faixa entre 35 a 44 anos, com 3829, 16 a 24 anos, com 2559 e 45 a 54 anos, com 2183. A faixa etária com menos palestrantes tinha mais de 65 anos, com apenas 376 palestrantes.
Visitas a sites da internet
Não é segredo que a internet contém uma quantidade quase infinita de informações, que aqueles de nós que a utilizam o fazem de diferentes maneiras e por diferentes motivos: trabalho, entretenimento, compras, educação... Infinitas possibilidades e opções diante de nós ao abrir qualquer navegador. Porém, existem grandes sites ou portais que concentram uma enorme quantidade de visitas únicas entre os internautas. Quais são os 10 sites que as palestrantes de nossa amostra mais visitaram?
Em primeiro lugar está o “google.com” (não é surpreendente) com 13025 visitas únicas durante um mês. Em seguida vem o "facebook" com 9576 e o "youtube" com 8191. Para ver o resto da lista, você pode verificar o seguinte gráfico:
Gráfico: 10 principais sites vs. número de visitantes únicos
Sites de notícias e informação
Com o mundo em constantes e vertiginosas mudanças, com uma grande onda de mulheres despertas e dispostas a exigir o cumprimento de seus direitos, que assumem novos e diferentes papéis dentro e fora de suas casas, foi interessante para nós conhecer os sites de notícias e informações que receberam mais visitas exclusivas da nossa amostra.
"Yahoo.com", "globo.com" e "uol.com.br" ocupam os três primeiros lugares, com 2740, 2723 e 2515 visitas, respectivamente. Nota-se que o segundo e o terceiro lugares correspondem a sites no Brasil. Seria interessante, portanto, aprofundar este tema futuramente e perguntarmos se as brasileiras são realmente mais "informadas" do que as espanholas ou mexicanas.
Gráfica: Top 10 de sites de notícias vs. número de visitantes únicos
Sites de entretenimento
Mas nem tudo nesta vida é trabalho e informação fora ou dentro de casa. Os momentos de lazer e recreação tornaram-se muito importantes nos últimos anos, muito mais ainda neste ano em que estivemos confinados. Seja por distração pessoal ou de algum outro membro da casa (como crianças), pela impossibilidade de sair à rua ou pelo simples gosto da sétima arte, os sites de streaming encontraram um lugar muito especial em nossas vidas diárias.
Nossas palestrantes visitaram principalmente “youtube.com”, “netflix.com” (sim, é o segundo lugar) e “primevideo.com”. Um fato interessante é que "spotify.com" é o único site de reprodução, apenas de música, que aparece na lista.
Gráfico: Top 10 de sites de entretenimento vs. número de visitantes únicos
Sites de compras online
A sociologia defende que um evento ou fenômeno social é multicausal, ou seja, tem mais de uma causa, e se seguirmos esse pressuposto, poderíamos dizer que não apenas o confinamento devido à pandemia tem sido o grande impulsionador das compras online. Embora em passos pequenos e desiguais, muitas mulheres no mundo encontraram maior acesso à educação, o que lhes dá oportunidades de encontrar trabalhos melhor remunerados e de aumentar seu poder aquisitivo.
“Amazon.es” com 3182 visitas, “aliexpress.com” com 2690 e “amazon.com” com 2636 são os três primeiros lugares nesta categoria. Na verdade, 4 dos 10 sites mais visitados correspondem à Amazon, falando em market share...
Gráfico: Top 10 de sites de compras vs. número de visitantes únicos
Sites de conteúdo para adultos
Por último, mas não menos importante, dedicamos um espaço ao consumo online feito por nossa amostra de palestrantes de sites com conteúdo adulto. Acreditamos que não se trata de um dado mórbido ou "curioso", mas um dado que pode refletir, entre muitas outras coisas, que as mulheres estão se apropriando de sua sexualidade. Que já não vejam neste tipo de conteúdo algo "só para o prazer dos homens" e que agora sejam elas que decidem sobre si mesmas e sobre os seus corpos. O que você acha? Nós somos os especialistas em dados, a responsabilidade pela interpretação é sua.
“xvideos.com” está em primeiro lugar com 1176 visitas, muito distante do segundo colocado, "pornhub.com", com apenas 648, e "xnxx.com", com 568 visitas únicas.
Gráfico: Top 10 de sites de conteúdo para adultos vs. número de visitantes únicos
Por ora, só podemos encerrar esta leitura com a reiteração da frase “o que não é nomeado, não existe” para convidar você a continuar conhecendo as mulheres em sua grande diversidade. Nossas palestrantes, assim como o resto das mulheres no mundo, mudam dia a dia, assim como seus hábitos, valores e ideias. Vamos respeitar todas elas, vamos cuidar de todas elas.
